Veio para a Bélgica em fevereiro de 2011 como muitos outros emigrantes à procura de novas oportunidades. Em Portugal trabalhou 10 anos como motorista de pesados, mas não seria essa a área pela qual acabou por vingar em terras de sua majestade.
Os contatos que manteve com um primo que já estava na Bélgica acabaram por ser o elo mais forte na sua decisão de partir nesta aventura. Conta que as maiores dificuldades na altura eram as várias línguas que se falam no país e a preocupação de deixar em Portugal a sua esposa e as duas filhas, principalmente a mais nova que tinha apenas 4 meses. As saudades eram muitas e passados 5 meses a família juntou-se a ele na Bélgica. Iniciou-se a trabalhar numa empresa de gerência portuguesa, a empresa estava em alta com muito trabalho e no primeiro ano tudo correu muito bem Foi muito ajudado pelo patrão, mas mais tarde começaram a surgir os problemas. Algo não estava bem, mas como não tinha muita escolha devido à dificuldade da língua acabou por ficar 3 anos nessa empresa. Na altura já trabalhava como subcontratado para a empresa e o patrão, que tinha duas empresas mais pequenas perguntou-lhe se não queria comprar uma delas. Obvio que viu ali uma hipótese de progredir, essa tinha sido a razão pela qual tinha abandonado o seu país e assim foi, ficou com uma das empresas. Não foi uma boa escolha, em todo caso diz que sempre existem males que vêm por bem, se não tivesse passado por todas essas dificuldades não teria chegado
onde está hoje.

Não sabia como funcionava o estatuto de sócios ativos, pois não existia em Portugal. Sentiu-se enganado, porque embora tivesse comprado a empresa tinha continuado a trabalhar para o antigo patrão. Os problemas maiores começaram a surgir, faturas por pagar e outras dividas começaram a surgir. Sobre o antigo patrão diz.. Após o falecimento da sua esposa ele foi-se embora e ficámos com as dívidas, a empresa dele abriu falência e foram meses difíceis até ficar tudo regularizado. Estive quase para desistir, mas tive na minha esposa Carla Marques o grande suporte que sempre me deu forças para continuar e chegar onde cheguei.
Aconselhado pela contabilista acabou por abrir uma empresa nova, a SCP Construct em 2017, começou do zero embora tivesse a sua carteira de clientes. Começaram na área de acabamentos, pladur etc, hoje fazem todo o tipo de trabalhos, embora não trabalhe muito para privados mas mais para empresas.
Sobre a estabilidade na empresa prefere trabalhar com as empresas que já tem, não quer aceitar outros trabalhos pois pode não conseguir executá-los por falta de mão de obra qualificada.
Vai 3 a 4 vezes por ano a Portugal, não gosta do tempo na Bélgica mas diz que regressar a Portugal por agora ainda não. As saudades são muitas e na viagem quando vê a placa a indicar Portugal é sensação inexplicável.
O nome da sua empresa foi escolhido pela sua simpatia pelo Sporting club de Portugal do qual é sócio com a sua esposa, mas a sorrir conta que tem alguma pena que a filha mais velha tenha mudado para o Porto.
Texto: Paulo Carvalho